terça-feira, 24 de maio de 2011

As empresas estão de fato usando a tecnologia em seus negócios?

Taxa de aceitação e utilização da nuvem para os negócios ainda está engatinhando no Brasil, principalmente, naqueles que seriam os maiores beneficiários desta tecnologia: as pequenas empresas.

Recentemente assistindo a um seminário pela web, ouço o palestrante mencionando uma grande empresa norte-americana, que oferece software como serviço (Software as a Service - SaaS), como a melhor aposta nos próximos anos, para manter e controlar a gestão dos negócios totalmente alocado na nuvem.

A tal empresa possui mais de 10 anos no mercado e também opera no Brasil há pelo menos 5 anos. Foi uma das pioneiras em disponibilizar SaaS para empresas de todos os portes e possui atualmente mais de 72 mil clientes pagantes e milhões de usuários corporativos espalhados pelo mundo, que vão desde empresas grandes até empresários individuais, seja em hospitais, indústrias, governos, escolas e até empresas de tecnologia. Seu faturamento ultrapassou a marca de 1,4 bilhão de dólares ao final de 2010 e continua crescendo. É dispensável tentar mostrar, baseado nestas informações, que esta empresa deveria ter seu sistema rodando em muitas empresas brasileiras, mas não é o que acontece.

A taxa de aceitação e utilização da nuvem para os negócios ainda está engatinhando no Brasil, principalmente, naqueles que seriam os maiores beneficiários desta tecnologia: as pequenas empresas. Os empresários preferem acreditar que as informações estão mais seguras dentro dos computadores de seus funcionários do que em algum data-center alocado em um lugar desconhecido. Consideram os computadores e notebooks como o bem mais valioso e não têm a mínima ideia de que a invasão e roubo agora é digital e a porta de entrada é a internet.

Eu entendo que a tecnologia avança em uma velocidade muito maior do que podemos assimilar, mas ignorá-la é fatal e infelizmente assistiremos a morte de muitas empresas que não dão a devida atenção para essa nova cultura de gerir e manter os negócios.

Por incrível que pareça, estamos presenciando uma mudança que antigamente levava décadas para acontecer, do tempo que a televisão evoluía, mas continuava cumprindo seu objetivo de simplesmente oferecer uma imagem bonita, sintonia automática e controle remoto aos seus usuários.

Outro exemplo é na telefonia móvel. A principal ideia e mais básica função de um celular já não é a mais importante. Se o aparelho não tiver TV integrada, MP4, câmera, filmadora, GPS, jogos, protetor de tela animado e acesso a internet, serve para quê? Falar com outra pessoa que pode estar em qualquer lugar e em movimento. 'Não, muito obrigado. Não é este tipo de aparelho que estou procurando'.

A forma com que comunicamos e fazemos contato está mudando velozmente e fenômenos como Orkut, Facebook e Twitter podem até cair no esquecimento em alguns anos, as pessoas podem até migrar para novos fenômenos. Mas, a concepção destes serviços está formada, foi aceita por milhares de pessoas e já está sendo aplicada em sistemas de grandes empresas, mudando completamente a forma como as pessoas trocam informações e realizam novos negócios. Atualmente o avanço é tão rápido que a WEB 3.0 já está dando lugar para a Nuvem 2.0 e a importância dos computadores em nossas vidas já se expandiu para os tablets, celulares e TV digital.

Não podemos mais esperar a tecnologia virar moda ou se tornar inevitável para utilizar o que ela nos traz de melhor, que deve ser eficiência e qualidade de vida. Precisamos esquecer o quanto antes o termo: "é cultural" dos brasileiros e parar de repetir as mesmas tarefas esperando resultados diferentes, postergamos até o último momento antes de dar o próximo passo, pois tudo parece complicado demais, principalmente, no governo e no meio empresarial. Se parece difícil de entender, peça que alguém te explique, pois já estamos na fase do CaaS (Colaboração como um Serviço) e, se continuar assim, não me impressiona se chegarmos na era do HaaS Humano como um Serviço).

Fonte: Administradores.com.br

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Micro e pequenas geram 67% dos empregos em abril

As micro e pequenas empresas foram responsáveis por 67% dos 272.225 empregos formais gerados no Brasil em abril deste ano, o que corresponde a 182.390 vagas. É o que mostra levantamento feito pelo Sebrae com base nos dados do último Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, divulgado essa semana, em Brasília. Os números apontam uma recuperação do ritmo observado em março deste ano, quando os pequenos negócios responderam por 41,4% dos empregos com carteira assinada.

"Considerando os últimos 12 meses, as micro e pequenas empresas geraram quase 80% dos empregos formais no país. Portanto, não há como falar em desenvolvimento do Brasil sem envolver esse segmento", afirma o presidente do Sebrae, Luiz Barretto.

De acordo com o levantamento, as empresas que empregam até quatro trabalhadores contribuíram significativamente para o resultado geral, respondendo por 46,2% de todas as vagas com carteiras formais criadas no mês, enquanto os empreendimentos que empregam de 20 a 99 foram responsáveis por 13,7% das contratações. Já as que empregam entre cinco e 19 funcionários responderam por 7,1% do saldo total dos empregos do mês.

Considerando os setores, o de serviços foi o que mais se destacou, representando 28,7% do total de empregos gerados pelas micro e pequenas empresas. O comércio também teve destaque na criação de postos de trabalho, representando 13,5%, seguido pela indústria de transformação, com 10,7% do total de empregos.

Dinâmica nacional

O desempenho de abril foi superior à média verificada nos últimos quatro anos, sendo o quarto melhor resultado em toda a série histórica para o mês. No acumulado dos últimos 12 meses, foram gerados 2,295 milhões de postos de trabalho, considerando a série ajustada, que incorpora as informações declaradas fora do prazo, equivalente à expansão de 6,65%. Dos 26 estados e do Distrito Federal, 23 expandiram o nível de emprego, com recorde apenas no Rio de Janeiro e no Amazonas. Em termos absolutos, o estado de São Paulo liderou a geração de empregos, seguido por Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Fonte: administradores.com.br



sexta-feira, 20 de maio de 2011

Estruturação Contábil é cada vez mais importante para organização e sucesso empresarial

Considerada como a “alma do negócio”, a contabilidade é cada dia mais importante no dia-a-dia das empresas.

Não manter a contabilidade de uma empresa organizada pode fazer com que ela, seus sócios e administradores sejam punidos por lei. Os motivos que levam a isso podem ser muitos: falta de tempo para apurar e controlar tributos, problemas com contratação e demissão de funcionários, negócios não previstos no contrato social, não seriedade em relação às documentações exigidas em cada atividade, falta de pagamento de impostos e muitos outros fatores.

E, para que problemas como estes sejam amenizados e até mesmo evitados, recomenda-se que as empresas terceirizem serviços contábeis. Considerada como a “alma do negócio”, a contabilidade é cada dia mais importante no dia-a-dia das empresas. “Levando em conta que as empresas que prestam serviços contábeis tendem a estar mais atualizadas e familiarizadas com as mudanças da legislação e obrigações que são implementadas pelos órgãos reguladores, os serviços por elas prestados tende a proporcionar maior segurança às empresas”, afirma o contador Gilmar Rissardi, da Bilanz Gestão Contábil

De acordo com estudos realizados pelo Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - o serviço contábil é o mais procurado entre os empreendedores brasileiros. Para o contador Gilmar Rissardi, que está à frente da empresa curitibana Bilanz Gestão Contábil, a eficiência da Receita Federal implica em que as empresas procurem contratar profissionais especializados para cuidar de sua contabilidade.

“Com a correria do dia-a-dia é difícil que os empresários dediquem tempo suficiente para acompanhar de perto toda a estruturação contábil de uma empresa. Para isso, existem os serviços dos contadores, que participam e organizam, sempre com o acompanhamento dos empresários, de todas as etapas da empresa, desde a sua constituição, planejamento tributário, implantação de softwares corporativos, controles internos e muitos outros serviços necessários para uma boa operacionalização da empresa”, comenta Gilmar Rissardi.

No Brasil já houveram casos de empresas que não se preocuparam efetivamente com a organização de sua contabilidade e, por motivos diversos, acabaram com problemas junto aos órgãos reguladores. A advogada Inaiá Queiroz Botelho, da JB Advocacia Empresarial, alerta para algumas dificuldades que podem acontecer caso as empresas tenham problemas com os dados contábeis. “Os riscos da atividade empresarial são potencializados pela falta de organização contábil. É comum ver empresários sérios e responsáveis que acabam sendo autuados e multados pelo Fisco, e algumas vezes até indiciados por crimes fiscais, em decorrência de erros e orientações incorretas passadas por profissionais contábeis irresponsáveis e desatualizados.” Por isso, ressalta a advogada: “todo cuidado é pouco antes de contratar um profissional contador”, devendo o empresário cercar-se de bons profissionais a fim de evitar futuros aborrecimentos, “mesmo que isso custe um pouco mais caro” finaliza.

Desde que feita de forma responsável e correta, a contabilidade reflete a realidade de uma empresa e desobriga os empresários e contadores de responderem com bens pessoais em processos diversos. Os serviços de contabilidade devem ser vistos pelas empresas como ferramenta de gestão para conquistar bons resultados e ser bem sucedido no negócio.

Fonte: Paranashop.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Três em 4 trabalhadores gastam no mínimo 2h/dia fazendo nada no trabalho

Quantas horas você fica sem fazer absolutamente nada de efetivo no seu ambiente corporativo? Por quantas horas você se dedica a escrever, ler e classificar seus e-mails? E quanto tempo você costuma enrolar diariamente?

Essas inusitadas questões – e outras – foram as ferramentas para constituir a pesquisa “utilização do tempo no trabalho”, realizado pela empresa especializada em produtividade, colaboração e administração do tempo Triad PS.

Segundo o levantamento, praticamente três quartos (74%) dos ouvidos (1.606 trabalhadores, sendo 890 homens e 716 mulheres) gastam, no mínimo, duas horas sem fazer absolutamente nada no ambiente de trabalho. Desse montante, 32,8% gastam em média duas horas, 18,5% três horas e impressionante 0,9% confessou que fica sete horas sem fazer nada de efetivo no ambiente corporativo.

O especialista em gestão do tempo que monitorou a pesquisa, Christian Barbosa, analisa que não surpreende haver esse gasto de tempo com outras atividades, mas vê o número como alto. “É normal haver um tempo de exceção, ninguém trabalha ininterruptamente, mas o número de horas desperdiçadas é muito grande”, avalia.

Enrolação

Na pergunta, “durante seu expediente, quanto tempo você costuma enrolar diariamente”?, é possível verificar que mais de um quarto dos entrevistados “enrola” entre duas e quatro horas por dia de trabalho. Quase 30% “enrola” uma hora por dia.

Na avaliação sobre o tempo gasto com atividades pessoais, predomina a resposta “30 minutos”, com 31,6%, seguido de 1 hora, com 25,2%.

Também são polêmicas as respostas sobre o que os trabalhadores já fizeram no expediente: 11,1% disseram que já viram ou veem pornografia e 20,6% confessaram que jogam ou jogaram games on-line. Mais de 13% dizem paquerar o colega e 1,8% confessou que fez ou faz sexo virtual no ambiente corporativo.

Quase 60% confessaram dar uma esticada no almoço e quase 27% no café. Pelo menos quatro em cada dez repassaram ou repassam piadas por e-mail e 29,9% procuram ou já procuraram outro emprego. Outras atividades que concorrem fortemente com o trabalho são as compras on-line, praticadas por 56,5% dos entrevistados, e marcar consultas, com 60,5%.

Desculpas

Quando perguntados sobre a justificativa para usar o tempo para fazer atividades não relacionadas ao trabalho, 35,5% disseram que não têm tempo para resolver problemas pessoais fora do trabalho, 32,1% afirmaram que têm pouco trabalho a fazer, 20,4% afirmaram que estão infelizes com o emprego e, em seguida, aparecem os 18,6% que disseram que recebem um salário ruim e estão sem motivação para trabalhar.

Christian Barbosa propõe que esse dado seja mais pensado pelas empresas. “Estamos mostrando que as pessoas têm um problema de uso do seu tempo, e aí entram questões envolvendo estratégias, produtividade, gestão de tempo. É necessário pensar em criar hábitos para ajudar a minimizar o impacto dessa dispersão”, diz.

O que mais faz os trabalhadores perderem o foco no horário de trabalho é a internet, seguida dos colegas de trabalho, e-mail, telefone e comunicadores on-line.

Na avaliação que os trabalhadores fazem sobre o seu chefe, predomina a resposta “que eles também costumam fazer coisas pessoais no expediente”, afirmação escolhida por 48,3% dos entrevistados. Quase um terço (31,8%) diz o que chefe não sabe se planejar.

Os respondentes também responderam sobre o tempo que gastam para escrever, ler, responder e classificar seus e-mails. Cerca de 32% gastam uma hora com isso, enquanto outros 23,7% usam duas horas de seu dia.

Redes sociais

Outro dado expressivo é o que mais de 84% dos trabalhadores admitiram acessar redes sociais durante seu horário de expediente. Entre esses, só 8% acessam esses sites apenas durante o expediente, enquanto outros 92% acessam em outros locais também.

Entre as redes preferidas, está o twitter, acessado por nada menos que 94% dos entrevistados. O Facebook é acessado por 59,4% e YouTube e Orkut contam com mais de 35% de acessos entre os entrevistados. Para Barbosa, é inevitável que as empresas insiram as redes sociais dentro do seu contexto, mas deve haver um controle, para equilibrar as coisas. “Acredito que as redes sociais ajudam até as pessoas a serem mais eficientes, mas é necessário ter um controle, um monitoramento, equilibrando os interesses e necessidades”, avalia.

Barbosa diz que há vários aspectos que devem ser levados em conta na pesquisa, mas uma reflexão pode ser pensada desde agora. “Embora não seja comum, talvez esteja na hora de fazer uma discussão de cobrança por produtividade e não horário. É necessário trabalhar com a realidade do funcionário, entender a expectativa da empresa e repensar algumas fórmulas”, propõe.

Fonte: Infomoney

terça-feira, 17 de maio de 2011

Posições abertas no mercado de trabalho crescem 26,46% em abril

Área Comercial foi a que mais ofertou vagas aos profissionais, com 13,3% das oportunidades, aponta estudo da Ricardo Xavier.

Em abril, o número de novas oportunidades abertas no mercado de trabalho cresceu 26,46% em relação ao mês anterior, segundo revelam dados do estudo mensal de vagas da Ricardo Xavier Recursos Humanos.

Para o diretor geral da consultoria, João Xavier, os profissionais devem aproveitar o bom momento da economia para aprimorar os conhecimento e se especializarem, visto que a disputa por talentos deve se acirrar cada vez mais.

“Os dados da pesquisa vão ao encontro do atual cenário econômico brasileiro. O mercado está aquecido, mas a falta de mão de obra pode frear o crescimento do País”, diz o executivo.

Destaques

Ainda de acordo com o estudo, a área Comercial foi a que mais ofertou vagas aos profissionais, com 13,3% das oportunidades. O setor de Engenharia, com 7,9%, está na segunda posição.

Em seguida, aparecem os setores Financeiro (5,4%), Industrial (5,2%), Administrativo(5%),Tecnologia da Informação (4,6%) e Recursos Humanos e Maketing, 3,8% cada.

As posições foram, em grande parte, abertas pelas companhias nacionais, cujo percentual de novas posições oferecidas atingiu 79,22%. Já as multinacionais ofertaram 20,78% das posições.

No que diz respeito aos profissionais mais demandados, os de engenharia ficaram em primeiro lugar, com 19,18% da procura, seguido pelos profissionais de administração (12,15%), ciências contábeis (5,73%), economia (3,77%), propaganda/ publicidade e marketing (3,65%), direito (2,27%), psicologia (1,54%), análise de sistemas (1,50%) e tecnologia da informação (1,11%).

Localidades

São Paulo (Capital e Grande SP), Campinas (Interior de SP), Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Salvador são as áreas mapeadas pela pesquisa.

Dentre elas, as que mais abriram vagas foram São Paulo (42,28%) e Campinas (17,45%). Na sequência estão Porto Alegre (12,01%), Salvador (11,01%), Rio de Janeiro (10,96%) e Belo Horizonte (6,29%).

Fonte: Administradores

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Educação financeira na escolas já mostra resultados e pode ajudar no combate à inflação

A avaliação é de pesquisadores do Banco Mundial (Bird) que divulgaram resultados preliminares de um projeto desenvolvido em 450 escolas estaduais do Ceará, de Minas Gerais, do Rio de Janeiro, de São Paulo, do Tocantins e do Distrito Federal.

O ensino de educação financeira nas escolas pode ajudar o país a aumentar a poupança interna e a combater a inflação. É o que avaliam pesquisadores do Banco Mundial (Bird) que divulgaram hoje (9) resultados preliminares de um projeto desenvolvido em 450 escolas estaduais do Ceará, de Minas Gerais, do Rio de Janeiro, de São Paulo, do Tocantins e do Distrito Federal.

Nos primeiros seis meses de curso, o Bird constatou que os alunos passaram a poupar mais e a organizar melhor as compras. O percentual dos estudantes que faziam poupança antes do programa, que se estenderá até o fim do ano passou de 44% para 49%, entre agosto e dezembro de 2010. Já os que faziam lista de compras passou de13% para 16%.

Segundo o especialista do banco Rogeli Marchetti, o resultado chama atenção porque a mudança de comportamento nos cerca de 12 mil estudantes que participam do programa Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef) ocorreu em apenas seis meses, um prazo considerado curto. "O resultado também é positivo quando comparado com escolas que não receberam as aulas [de finanças pessoais]", acrescentou.

O Bird continuará a avaliar o aprendizado dos estudantes até o fim do projeto e pensa, inclusive, em acompanhá-los no mercado de trabalho, por meio do número do CPF. Para os pesquisadores, o comportamento dos jovens no longo prazo permitirá comprovar como a educação financeira pode se refletir em dados macroeconômicos.

"Dentro do país isso tem relevância, principalmente, no contexto de crescimento da classe média, que está entrando no mercado e precisa entender os produtos financeiros", afirmou Rogeli Marchetti. Com esses conhecimentos, o Bird avalia que a classe média pode impulsionar um "ciclo virtuoso" na economia, com incentivo à poupança e à redução do consumo.

Os pesquisadores também esperam que os jovens influenciem o planejamento financeiro familiar, acelerando o processo de educação financeira na população. Por isso, o Banco Central e o Ministério da Educação, dentre os organizadores do programa, já discutem como ampliar a iniciativa para outras escolas, por meio de uma comissão com mais três ministérios.

Durante apresentação da pesquisa, hoje, o representante do Ministério da Educação Sergio Jamal Gotti disse que o grande desafio é envolver as redes de ensino. "Não há intenção de criar uma disciplina separada", disse. Porém, acrescentou que estratégias como criação de páginas na internet e de material didático próprio podem ser usadas para chamar a atenção de professores e gestores.

O projeto de educação financeira no Brasil também foi bem avaliado pelo diretor do Bird para o Brasil, Maktar Diopp, que tem a intenção de levar o curso para outros países. Diopp destacou que o diferencial do programa é fato de o curso ser aplicado no ensino formal. "Não é à toa que a carteira do Bird no Brasil é a maior do mundo. Queremos exportar experiências inovadoras assim", afirmou.

As aulas de educação financeira em turmas do segundo ano do ensino médio de 450 escolas integram o projeto piloto do Banco Central, da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), da Superintendência de Seguros Privados (Susep) e da Superintendência Nacional de Previdência Complementar, em parceria com o Bird, o Ministério da Educação e o Unibanco.

Os resultados parciais da pesquisa sobre a aplicação da estratégia foram apresentados durante o encontro de avaliação do Enef, no Centro de Convenções da Bolsa, no Rio de Janeiro.

Fonte: administradores.com.br

quinta-feira, 12 de maio de 2011

A cultura organizacional no cenário competitivo

Existe uma infinidade de detalhes que poderíamos identificar suas semelhanças da cultura organizacional com o cenário competitivo interno e externo, focado em: liderança, clima organizacional, estratégias, vitórias...

Existe uma infinidade de detalhes que poderíamos identificar suas semelhanças da cultura organizacional com o cenário competitivo interno e externo, focado em: liderança, clima organizacional, estratégias, vitórias, equipe, comemorações e histórico. No tema liderança, vimos nos Jogos Olímpicos, uma série de técnicos vencedores que não ganham medalhas e nem participam das comemorações no pódio; não é permitido ir com seu comandado ou com sua equipe comemorar.

Percebo que falta comemoração nas empresas e se não tomarmos conta disso será uma eterna batalha diária sem o sentimento de chegada para celebração. Eu vi uma atleta que foi medalha de ouro agradecendo seu técnico "obrigada, obrigada, obrigada". A cena foi muito bacana. Até pensei: e se ocorresse em um esporte coletivo, será que teriam essa força e vibração que presenciei no individual? Seria uma equipe imbatível, pronta para ganhar tudo, seja uma medalha de ouro ou os objetivos estratégicos na empresa.

No assunto clima organizacional deu para eu fazer uma correlação entre o mundo empresarial e o esportivo. Aqui, deixo claro que foi muito nítido que não interessa a quantidade de pessoas envolvidas; afinal, na sua grande maioria, a competição era mesmo individual. Fica um ponto de destaque: não importa se na equipe existam poucos integrantes, o clima é um fator diferencial para as conquistas.

Nas estratégias, um esquema mal planejado resume em uma falta de objetividade e de satisfação para a conquista do resultado. Nesse momento, surge um assunto importante que, nos Jogos Olímpicos, é aquele momento decisivo e, dependendo da modalidade esportiva, não dá para mudar nada, absolutamente nada. No mundo empresarial, algumas vezes temos a possibilidade de rever as estratégias. Se elas são definidas em equipe, o resultado se torna praticamente imbatível; afinal, todos fizeram um consenso da estratégia.

Vitórias. Como é bom vencer! Mas a vitória sem uma estratégia definida, mesmo se o clima organizacional for favorável, nem sempre é tudo. É muito semelhante ao mundo empresarial e esportivo, onde até mesmo nas vitórias fica muito transparente a existência da possibilidade de mudanças buscando a perfeição. Uma derrota no cenário organizacional é um sinal que pode levar à inexistência de uma marca. Veja que interessante como é forte esse tema, que se refere à marca da própria empresa, de um produto, de uma equipe ou da nossa própria história.

Como já mencionado, em um esporte individual somado ao técnico pode ser imbatível, afinal, existe nessa relação o planejamento, o sonho, uma decisão. Equipe é muito diferente de time; o que fica evidenciado cada vez mais essa questão. Podemos perceber no mundo esportivo e no empresarial a dinâmica que ocorre de fazer com que se defina a diferença competitiva e que isso possa fazer o resultado vir de várias maneiras em relação de ser mais sofrido ou menos tenso. A melhor forma de se trabalhar com uma equipe é com ética e transparência na relação entre líder e equipe, e vice-versa, que é tão essencial.

Comemorações, aqui o mundo empresarial precisava colocar em prática com tremenda urgência o que acontece no cenário esportivo e que nos últimos Jogos Olímpicos -Pequim/2008 - nos mostrou. No mundo empresarial vejo que é um negócio mecânico, aqui faço uma correlação que no cotidiano é como se fosse um treinamento para classificação para Olimpíadas, mas quando acontece uma performance diferenciada uma medalha de ouro, por exemplo, é show. Tem que ser comemorado.

Um registro que faço é de que dependendo da situação, uma performance prata - seja ela no mundo empresarial ou no mundo esportivo - deveria ter investimentos para que na próxima ocasião se transformasse em ouro. No entanto, esse tipo de avaliação e feedback acaba caindo no esquecimento.

Histórico é uma situação que valoriza e muito nossa vida pessoal e profissional, acredito que na mesma proporção. No mundo esportivo, até mesmo na questão de comunicação e informação, revivemos a história de cada esporte com seu principal esportista, sua marca e seu feito. Isso ninguém tira, nem mesmo o tempo, que é implacável, as novas tecnologias, as indústrias produzindo produtos de maior qualidade, dão a chance para que todos possam bater suas próprias marcas e seus próprios recordes. No mundo dos negócios, não vejo tanta energia assim, até mesmo nas avaliações de performances, que geralmente são realizadas semestralmente, ocorre isso, de se valorizar um acontecimento ou um profissional.

Em todas minhas consultorias, um tema que converso muito é que se a partir do momento a própria empresa possui uma ferramenta de gestão, ela mesma acaba não dando o valor necessário para tal. Claro que a avaliação de desempenho é o momento para que haja evidências nos pontos positivos e correção de rota em alguns itens que precisam de investimentos para melhorias.

Tenho comigo que um profissional satisfeito é primordial e que se ele está satisfeito e incluso em um grupo, multiplicando as boas práticas, então é decisivo para conquistas seguidas. A empresa precisa valorizar suas ferramentas, atuando para que todos tenham a percepção de estar sendo valorizados a partir de regras claras e definidas. Nosso histórico é uma dos principais valores do nosso currículo profissional e, acima de tudo, pessoal.

Os temas acima questionados seriam um investimento no dia-a-dia, para não termos, no final, tamanha desproporção no quadro de medalhas. Ao comparar, como exemplo, uma empresa com suas filiais, e em seu ranking, uma desproporção de performance incompreensível; afinal, possui a mesma marca, qualidade, profissionais treinados, um público semelhante, o mesmo produto.

Aqui a resposta para o mundo empresarial é mais difícil de conseguir, será mesmo? Não sei, porque no mundo esportivo podem faltar estratégias, decisão e garra, mas ele sobrevive até outro evento, mas em uma empresa, isso passa longe de acontecer, afinal, a competitividade é diária e o resultado é sempre para ontem. Temos que conquistar uma medalha todo dia, porque se não fizermos alguém estará fazendo, tirando nosso lugar no pódio e influenciando em nosso histórico.



Fonte: Portal do administradores

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Brasileiros vão consumir R$ 5 trilhões até 2020

Diretora do Instituto Kantar Worldpanel diz que pequenas empresas devem ficar atentas às demandas da classe C.

As famílias brasileiras deverão, até 2020, consumir R$ 5 trilhões em produtos e serviços, o país caminha para ter até 2015 o quinto maior PIB (Produto Interno Bruto) do mundo e 70% da população será adulta até lá. Os dados, apresentados nesta terça-feira (10) pela diretora do Instituto Kantar Worldpanel, Fátima Merlin, mostram que o grande protagonista da economia nos próximos anos será o consumidor.

Um cliente que, segundo ela, tem mudado muito de perfil nos últimos anos. Os 4 milhões de brasileiros que ascenderam à classe C estão buscando cada vez mais produtos e serviços que antes não tinham acesso. "Em 2010, o volume de unidades compradas de itens considerados não básicos, como pratos prontos e sucos à base de soja, cresceu 13% na classe C e 19% na D e E".

A diretora participou do painel "Quem é a Classe C", durante o 27º Congresso de Gestão e Feiras Internacional de Negócios em Supermercados, Apas 2011, que começou ontem em São Paulo.

"O que observamos é que no primeiro trimestre de 2011 novas categorias de produtos estão entrando na lista de compras da classe C como salgados, shampoos e iogurtes. Enquanto que na classe A/B somente molhos entraram na lista de compras. Esses consumidores querem inovar, experimentar", diz a diretora.

Os canais de compra também seguem essa tendência. Antes, com dificuldades de crédito, essas pessoas acabavam comprando em pequenos estabelecimentos perto de suas casas, mas agora já têm oportunidade de adquirirem seus produtos em supermercados e hipermercados.

Fátima atenta para o fato de na classe C existir realidades de poder aquisitivo diferente. Por isso, o Instituto Kantar dividiu a categorias em duas classes: C1 e C2. Na C1, a renda chega a R$ 2.131,00, enquanto na C2 fica em torno de R$ 1.571,00. "Quinhentos reais faz uma diferença enorme para quem está ascendendo".

Enquanto a classe C1 está buscando os supermercados, a classe C2 continua indo aos pequenos armazéns do bairro. Além disso, a infra-estrutura desses consumidores difere em relação ao automóvel próprio, computadores com internet em casa, entre outros. A classe C2 ainda não chegou a este patamar.

"Quem está trabalhando com a classe C2 precisa ficar atenta a esta demanda. Entrega delivery, produtos com custo menor e mais promoções podem ser caminhos para enfrentar a concorrência e atender a este público", diz a especialista.

Fonte: administradores.com.br

terça-feira, 10 de maio de 2011

Embora necessária, reforma tributária ainda está distante do consenso

Entra governo, sai governo, e a questão da reforma tributária no Brasil permanece interminável. Os debates são intensos, o processo longo, e os resultados, nem sempre efetivos. Ainda que a necessidade de uma revisão geral no sistema tributário brasileiro seja reconhecida por praticamente todos os segmentos da sociedade, a tramitação no Congresso Nacional e as discussões sobre elas, no entanto, não permitem vislumbrar no horizonte um consenso para sua aprovação.

Isso porque as questões que envolvem o debate são complexas. Diversos interesses estão em jogo e, muitas vezes, são radicalmente opostos. Entre eles, a eterna vontade de cidadãos e empresas de pagar o mínimo possível de impostos e de ver o retorno disso em serviços públicos de qualidade e, ao mesmo tempo, a também eterna necessidade do Estado de arrecadar impostos para manter a máquina pública funcionando. Além disso, há a disputa em relação à carga tributária que cada um dos setores da sociedade deverá pagar e a disputa entre as diferentes esferas de governo que, independentemente de serem administradas por partidos afins ou ideologicamente adversários, não querem perder a sua fatia na arrecadação.

“Toda a renda arrecadada por meio dos impostos será dividida entre as esferas federal, estadual e municipal, e qualquer mudança no sistema de tributação afeta a União, os estados e os municípios, e é por isso que existem tantos interesses em jogo. Somados aos embates entre cidadão e Estado – um querendo pagar menos, o outro, querendo arrecadar mais –, e a disputa pela verba entre a União, os governos estaduais e os governos municipais, você tem ainda os embates trazidos pelos setores bancário, industrial, de serviços e de mineração, por exemplo, que travam uma grande disputa em relação à diminuição da carga tributária para seus produtos e serviços. São vários os embates envolvidos”, explica Francisco Lopreato, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

“Sem alterações profundas no gasto público, que levem à sua redução, o debate sobre reforma tributária será sempre muito difícil, tendendo a modificações muito marginais. A menos que o Brasil ingressasse numa fase de crescimento econômico muito acelerado por um longo período (mais de 5% ao ano), o que, naturalmente, tornaria todo o debate mais fácil, porque a receita cresceria naturalmente, sendo mais facilmente aceitável uma carga tributária menor (em relação ao PIB). Nesse caso, abrir-se-iam espaços para reformas mais profundas do sistema tributário nacional”, observa Edilberto Pontes Lima, Conselheiro do Tribunal de Contas do Ceará e professor convidado da Universidade Federal do Ceará (UFCE) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV) do Distrito Federal.

“Como as despesas são dadas, rígidas, e as demandas por gastos públicos são sempre crescentes, é difícil apostar em reformas que possam reduzir a arrecadação. Além disso, um novo sistema tributário pode até ser melhor que o vigente no médio e longo prazos, mas a transição entre um sistema e outro pode ser dolorosa. Por isso, por um lado, o próprio governo federal, autor da proposta inicial, não se empenha devidamente para aprovar e, por outro, estados e municípios se mobilizam fortemente para aumentar sua participação no bolo, resultando sempre no impasse. É como se cada participante exercesse o poder de veto e, embora não consiga impor a sua preferência, consegue evitar que o sistema se altere”, explica Lima.

O imposto e o conceito de Estado Democrático

Mas ainda que ninguém goste de pagar impostos para os governos, não pagar é um desejo irrealizável. “Não dá para você viver numa sociedade organizada sem pagar imposto. A ideia de sociedade organizada implica em você ter um Estado e, tendo o Estado, ele precisa de dinheiro para se manter. É preciso pagar, por exemplo, exército, polícia, serviços de saúde, de educação. E isso só pode ser mantido com a renda do cidadão”, explica Adalton Diniz, professor da Faculdade Cásper Líbero e da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). “É por isso que imposto tem esse nome, ele é imposto. Ele não é voluntário”, evidencia.

Segundo Diniz, o debate é longo porque também vai se adaptando às mudanças das estruturas políticas e econômicas ao longo do tempo. “Eu diria que, na verdade, a estrutura tributária estará sempre em pauta. Talvez não seja possível fazer uma reforma ampla porque são muitos os interesses envolvidos. E é por essa razão que é necessário mudar o foco do debate. Ao invés de se falar numa reforma tributária geral, é preciso pensar em reformas pontuais, porque, no fundo, a reforma deverá ser permanentemente discutida e reavaliada”, ressalta.

Na medida em que um país vai se desenvolvendo, a população aumenta e o Estado se burocratiza ainda mais, fazendo com que, cada vez mais, novos recursos sejam necessários para dar conta dessa nova complexidade. E todo esse processo de modernização implica em uma mudança da estrutura tributária, tendo em vista que, naturalmente, alguns impostos deixam de ser produtivos e, ao mesmo tempo, outros precisam criados.

Ao longo da história da humanidade, diferentes embates se deram em torno desse tema e importantes guerras e revoluções foram declaradas em seu nome. A Guerra de Canudos, por exemplo, na qual se destacou a figura de Antônio Conselheiro, foi uma delas. Não concordando com o fato dos habitantes de Canudos, liderados por ele, não pagarem impostos e viverem sem seguir as leis estabelecidas, contestando a monarquia e a situação de injustiça social que reinava na região, o governo da Bahia, apoiado pela corte, declarou guerra aos habitantes e dizimou a população local. A nível mundial, a Revolução Gloriosa, ocorrida na Inglaterra em 1688, foi a mais importante e resultou na criação do conceito de Estado Democrático.

De acordo com Diniz, “é porque o cidadão paga o imposto que ele tem o direito de participar da administração do Estado, de cobrar, exigir; é porque eu estou dando o meu dinheiro para o governo que eu tenho o direito de saber onde ele está sendo aplicado, e é por isso também que eu tenho o direito de eleger representantes que vão decidir quanto de imposto o Estado vai cobrar, quanto e onde ele vai colocar esse dinheiro. É assim que nasce o Estado Democrático: da reivindicação dos cidadãos de controlar a ação do Estado em cobrar impostos e de decidir para onde vai esse dinheiro. É com esse intuito que a Revolução Gloriosa da Inglaterra criou o Parlamento”, explica.

Após essa revolução, o governo inglês não poderia mais criar impostos sem colocar uma proposta em votação no Parlamento, justificando por que estava precisando de mais dinheiro. Era o Parlamento, na essência, quem iria decidir se, de fato, aquela necessidade deveria ser atendida com impostos ou não. Além disso, o governo passou a prestar contas, todos os anos, de como estava utilizando o dinheiro arrecadado.

Segundo Diniz, o imposto é, em certo sentido, um mal necessário, pois formas alternativas de o Estado arrecadar dinheiro poderiam ser, na verdade, um veneno para democracia. “Antes de ter o Parlamento, de ter essa obrigatoriedade de ouvir a população e de dar satisfações, o Estado inglês poderia fazer o que bem quisesse com os impostos. Ele podia, por exemplo, declarar guerra a um país sem prestar contas a ninguém, porque ele tinha renda própria – parte da renda dos governos, de fato, provinha de negócios privados do rei, então ele não precisava prestar contas para ninguém. É, mais ou menos, como funcionam os países árabes, onde a renda do Estado vem das propriedades e da exploração das jazidas de petróleo. Como a renda não vem de impostos, eles não precisam prestar contas para a população”, sinaliza.

As reformas no Brasil

A estrutura de arrecadação dos impostos no Brasil passou por diversas alterações ao longo dos séculos, mas, quase sempre, elas não passavam de meros remendos em uma estrutura já existente. A situação só se alterou após o golpe militar, quando, em 1967, o governo decidiu que era hora de alterar radicalmente a regras que regiam a arrecadação e a distribuição dos impostos.

Até então, a estrutura tributária do Brasil, já antiquada e muito remendada, ainda guardava resquícios da economia predominantemente agrícola dos séculos anteriores. Desde a década de 1950, no entanto, percebia-se que era preciso que ela fosse alterada. Mas, como em toda reforma tributária, a discussão gerou muita polêmica e nada aconteceu nos governos civis.

Lima explica que a reforma de 1967 foi uma das que, de fato, modernizou o sistema tributário brasileiro de forma radical, eliminando diversos impostos e criando novos, melhorando, assim, o perfil da arrecadação. “Introduziu-se, nesse período, o ICM, imposto sobre valor adicionado, na época só existente na França, eliminando-se boa parte dos tributos cumulativos. Houve um substancial aumento da carga tributária, em decorrência, principalmente, de a máquina arrecadadora ter adquirido maior organização. Um marco do período é a instituição do Código Tributário Nacional. Além disso, também é digna de nota a centralização da legislação tributária, restando pouca margem para Estados legislarem sobre tributos, notadamente sobre o ICM, tributo pelo qual ficaram responsáveis por arrecadar”, enumera.

Segundo Diniz, uma reforma tributária tão ampla como essa só pôde ser feita precisamente porque estávamos em um período de fraca democracia. “Uma reforma tão ordenada, amarrada, só pode acontecer numa ditadura ou numa situação em que a crise seja tão grave que todos percebam que é preciso alterar radicalmente essa situação para que todos, de alguma forma, possam ganhar. E ainda assim vai ter polêmica, porque cada um vai defender os seus interesses. O cidadão e o empresário querem pagar menos imposto, os governos, ao mesmo tempo, querem mais dinheiro. Como você concilia todos esses interesses? Impossível”, opina.

A reforma de 1967, na verdade, resultou na estrutura sobre a qual ainda estamos vivendo, pois dela decorrem diversos problemas tributários da atualidade. Com o fim da ditadura, veio a abertura democrática e, com ela, a elaboração da Constituição promulgada em 1988, que alterou as responsabilidades das instâncias do Estado sem, no entanto, redistribuir a renda advinda dos impostos. Algumas atribuições que antes eram da alçada da União passaram a ser responsabilidade dos governos estaduais; outras que eram da alçada dos estados passaram a ser responsabilidade dos governos municipais. Ainda que algumas medidas tivessem sido tomadas no sentido da redistribuição tributária, no fundo, essas alterações não passaram de meros remendos na estrutura já existente.

“A Constituição de 1988 trouxe o espírito descentralizador. Aumentou a base de arrecadação dos tributos estaduais, principalmente do ICM, que se tornou ICMS, e aumentou os percentuais nos fundos de participação estaduais e municipais. Por muito tempo, ela foi acusada de descentralizar as receitas, mas não descentralizar os encargos. Isso fez com que a União fosse obrigada a criar uma série de tributos novos ou ampliar alíquotas de tributos existentes. É o caso da Cofins, da CPMF (inicialmente, IPMF), da CSLL, tributos com objetivo precípuo de arrecadar, sem maiores preocupações com qualidade (não-cumulatividade, progressividade, neutralidade etc). Posteriormente, o que houve foram ajustes pontuais. Redução da cumulatividade, principalmente nos produtos destinados à exportação, fim da CPMF, entre outras. A última modificação constitucional foi a emenda nº 42/2003, no início do governo Lula. Apesar do ímpeto inicial, o que foi aprovado não constituiu propriamente uma reforma tributária, apenas mudanças pontuais. Talvez a principal tenha sido sobre a tributação de microempresas, que permitiu o regime simplificado para as empresas desse porte, o que ficou conhecido como Super Simples”, aponta Lima.

Uma das consequências trazidas pela reforma de 1988 foi a questão das guerras fiscais realizadas hoje entre os governos estaduais e, em menor grau, entre os municípios, para atrair empresas para seus domínios. O Imposto sobre Circulação de Mercadorias, que depois virou o ICMS, foi criado em 1967 pelo governo federal para ser arrecadado, desde o início, pelos governos estaduais com uma alíquota fixa. Com a Constituição de 1988 e a reabertura democrática, os estados recuperaram a autonomia tributária e puderam então alterar essa alíquota, manipulando os seus impostos para tentar atrair empresas instaladas em outros lugares.

“O grande problema trazido pela guerra fiscal é em relação ao desenvolvimento regional”, explica Lopreato. “Durante o regime militar, tudo era centralizado pelo governo federal, mas depois da reabertura, o governo deixou de ter uma política centralizada de desenvolvimento regional e aí cada estado ou município tentou fazer isso por si só, distribuindo benefícios fiscais para atrair as empresas para seus domínios. Isso trouxe benefícios e malefícios. Em termos de estados e municípios, não há um consenso. Há casos que foram bastante lucrativos e outros que, ao contrário, deram prejuízo. E em termos de país, de desenvolvimento nacional, acabou sendo prejudicial, porque diversas empresas internacionais vieram para cá e se beneficiaram com baixíssimas alíquotas, e às vezes até isenção fiscal por longos períodos, sem que houvesse nenhuma necessidade, pois se essas empresas vieram para cá, é porque haviam escolhido realizar os seus investimentos aqui e não em outro lugar”, aponta.

Para Lima, a discussão sobre a cobrança do ICMS na origem ou no destino envolve basicamente os mesmos problemas da reforma tributária como um todo. “Ninguém quer perder arrecadação, porque a demanda por gastos é enorme e os recursos disponíveis são sempre insuficientes. As compensações propostas por eventuais perdas não dão a devida segurança sobre a neutralidade em relação às receitas disponíveis. Na prática, o que há, no Brasil, é um sistema híbrido, parte da cobrança na origem, parte no destino, o que dá margem a fraudes, passeios de notas fiscais e distorções de diversas naturezas. Um sistema puro (destino ou mesmo origem) reduziria drasticamente a margem para fraudes. Estados produtores argumentam em prol da origem, enquanto Estados consumidores defendem a tributação no destino. O resultado é o impasse. A força dos governadores é grande, pois influenciam suas bancadas no Congresso Nacional e têm interesse direto no tema, pois o ICMS é o principal tributo individual do país”, explica.

Diversas propostas vêm sendo apresentadas nas últimas décadas no Congresso Nacional por diferentes partidos. Em comum, está a necessidade de fomentar o desenvolvimento do país, eliminando obstáculos para uma produção mais eficiente e menos custosa, simplificando e desburocratizando o sistema tributário. Para isso, é fundamental eliminar as distorções da estrutura tributária, diminuindo o custo dos investimentos e das exportações, por um lado, e ampliar a competitividade do país e reduzindo a carga fiscal que incide sobre produtores e consumidores, estimulando, assim, um desenvolvimento mais equilibrado entre estados e municípios. Além disso, busca-se ainda o aumento da formalidade, na tentativa de que a carga tributária seja distribuída equitativamente, e a eliminação da guerra fiscal, que poderia resultar em aumento dos investimentos e da eficiência econômica e no aperfeiçoamento da política de desenvolvimento regional, introduzindo mecanismos mais eficientes de desenvolvimento nas regiões mais pobres.

Muitos especialistas apontam que, antes da reforma tributária, é preciso acontecer a reforma dos gastos públicos. “Enquanto o gasto público brasileiro estiver no patamar em que se encontra (acima de 35% do PIB), reformar o sistema tributário é uma utopia. O problema é que na agenda política brasileira, não há movimentos relevantes para reduções substanciais do gasto público. Pelo contrário, os movimentos mais importantes são de expansão. Nesse sentido, pouco se fala da reforma da previdência, um problema muito grave, em face do rápido envelhecimento da população. Pressiona-se pela ampliação dos gastos sociais (expansão do bolsa-família, por exemplo) e dos investimentos públicos que, faz muito tempo, estão em patamares bastante reduzidos. Os espaços, portanto, para reformas tributárias profundas acabam sendo muito estreitos”, sinaliza Lima.

A presidente Dilma Roussef divulgou, recentemente, que o governo federal está elaborando uma nova proposta sem, no entanto, revelar detalhes. Segundo Lopreato, ainda não se sabe exatamente qual o caminho que a presidente vai seguir, se retomará a proposta do governo Lula ou se vai trazer novidades. “O fato é que o início de um governo é sempre um bom momento para se discutir essa questão. A discussão sobre a inflação, contudo, está atrapalhando agora e pode prejudicar essa negociação”, avalia.

Fonte: Com ciência

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Guerra fiscal ameaça empregos

Muitos estados têm programas de incentivo à compra de importados em detrimento da indústria nacional, o que prejudica mercado de trabalho.

A Guerra Fiscal do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) na importação está transferindo postos de trabalho e oportunidades do Brasil para outros países. O alerta é da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que afirma que muitos estados estão desenvolvendo programas de incentivo à compra de importados em detrimento do desenvolvimento da indústria nacional.

Como os estados acabam comprando produtos de outros países, novos cargos, oportunidades e campos de trabalho deixam de ser criados no Brasil. Esse cenário, segundo a Fiesp, foi agravado pela valorização do real, que torna a importação mais atrativa, comprometendo a contratação de novos profissionais para ampliar a cadeia produtivo no próprio Brasil.

Segundo estimativa da federação, a prática de incentivar as importações já fez o País deixar de gerar 771 mil empregos desde que essas práticas começaram a serem feitas até 2010. A Fiesp acrescenta que essa linha de ação “desestimula a inovação e os investimentos das empresas nacionais, que se tornam menos competitivas”. O impacto no PIB nacional é estimado em R$ 18,7 bilhões.

O impacto compromete todos os empregos ligados à gestão, à produção e a serviços na indústria, já que a concorrência internacional inviabiliza a criação de novos empreendimentos em diversos segmentos. E o cenário do futuro, segundo a Fiesp, tem tudo para piorar. Estimativa da entidade afirma que, se a guerra fiscal do ICMS na importação não for resolvida, pode gerar ainda mais prejuízos para a economia nacional: seriam 859 mil empregos a menos gerados por benefício de empresas de fora em detrimento das nacionais nos próximos cinco anos.

Benefícios fiscais

Segundo a Fiesp, estados como Goiás e Tocantins adotam essa estratégia – de incentivar a importação – para arrecadar mais com a movimentação nos seus portos. Entre os setores que mais recebem os benefícios, e consequentemente fecham oportunidades de trabalho, estão os de máquinas e equipamentos, matérias-primas e até mesmo de bens de consumo final.

Segundo a estimativa da federação, pelo menos dez estados garantem benefícios aos importados, prejudicando a indústria e restringindo os postos de emprego e renda no Brasil. Entre os Estados que instituíram esses benefícios, estão Santa Catarina, Pernambuco, Paraná, Goiás e Tocantins, além do Mato Grosso do Sul, Maranhão, Sergipe, Espírito Santo e Alagoas.

Perda de mercado

A Fiesp alerta ainda que a valorização cambial e os efeitos nos países desenvolvidos, que buscam exportar mais, acabaram incentivando as operações de importação, que são potencializadas pelo incentivo dos estados.

Dados da própria Fiesp mostram que a importação de bens industrializados cresceu 410%nos estados que fornecerem incetivos, e 191% nos estados que não adotam a prática entre 2001 e 2010.

O destaque nessa avaliação é o estado de Pernambuco, que aumentou em mais de R$ 1 bilhão as importações apenas entre 2009 e 2010. Santa Catarina, que tinha 2% do total de importações do Brasil em 2003, chegou a 6,6% em 2010. O estado goiano saltou de 0,8% para 2,8% no mesmo período.

Custos

A estimativa da Fiesp é que se os R$ 25 bilhões de incremento nas importações de bens industriais relacionados aos benefícios fiscais fossem produzidos pela indústria nacional, os efeitos sobre a geração de emprego e renda gerados pela indústria e pelos demais setores que ela movimentaria seriam expressivos.

A elevação da produção nacional de bens manufaturados na ordem desses R$ 25 bilhões geraria mais R$ 30 bilhões nas cadeias e segmentos associadas à produção. É nessa conta que estão os 771 mil postos de trabalho que deixaram de ser gerados.

Segundo relatório FOCUS do Banco Central, as importações devem aumentar 46,1% entre 2010 e 2015, o impacto das medidas de incentivo às importações podem fazer o Brasil deixar de arrecadar R$ 27,90 bilhões. É nesse volume que estão os 859 mil empregos que deixariam de ser gerados.

Fonte:
administradores.com.br
 
BlogBlogs.Com.Br